O pavimento para armazéns

O pavimento do armazém é um elemento fundamental, pois é a base de tudo. Todas as atividades efetuadas num armazém decorrerão sobre o pavimento, por isso, é muito importante prestar atenção especial a tudo o que se relacione com ele, desde os tipos de cargas que suportará até ao subsolo ou acabamento.

Cargas estáticas

As cargas geradas sob os pilares das estantes são do tipo pontual, de grande intensidade, concentradas em uma superfície muito pequena e distribuídas equitativamente, sobretudo no gradeamento do piso do armazém. Isso é algo muito perturbador para a maioria dos construtores, causando-lhe uma grande preocupação, pois essas cargas atingem valores de 7 ou 8 toneladas, e até bem mais do que isso, concentrando-se sobre uma reduzida superfície – a da seção do perfil do pilar – em apenas 80 ou 100 cm2.

O pavimento de um armazém tem que ser capaz de poder suportar de sete a oito toneladas em um espaço de 80 ou 100 cm2

Estudo da carga nominal que devem suportar as estantes

Análise do pavimento no processo de construção de um armazém

Análise do pavimento no processo de construção de um armazém

Cargas dinâmicas

As cargas dinâmicas, ocasionadas pelos equipamentos de movimentação circulando sobre corredores muito estreitos, também são muito intensas e variam em função do tipo de equipamento utilizado. No caso mais extremo, como o de um transelevador, o peso pode chegar a atingir 18 toneladas e pode estar concentrado sobre uma superfície mínima, representada pelas impressões da roda de carga. No entanto, esse efeito pode ser facilmente minimizado quando for distribuído por todo o carril guia no qual o equipamento se desloca.

Em outros tipos de elementos de movimentação, as cargas mais pesadas ocorrem quando estão paradas. Um exemplo muito significativo é o dos empilhadores trilaterais, cujo maior efeito sobre o piso ocorre quando estiverem a depositar ou assumir um peso na altura máxima e os garfos estejam estendidos lateralmente. Nesse momento, a pressão exercida sobre as rodas de carga atinge valores tão altos, que podem chegar a ultrapassar os limites de resistência do piso, bem como das próprias rodas e os seus rolamentos. O esforço é transmitido diretamente às partes laterais dos corredores.

Outros equipamentos, como os empilhadores contrapesados, causam uma pressão máxima contra o piso quando foram descarregados e a pressão é exercida pelas rodas da parte de trás, pois, nessa parte, é onde repousa o contrapeso. Quando o empilhador estiver carregado, há um nivelamento da carga na parte da frente (pelo princípio da alavanca) e, embora o peso total aumente, ele será distribuído ao longo de toda a superfície do equipamento. Nesse caso, a carga também é suportada numa pequena superfície, a das impressões dos pneus.

O que se entende por pavimento adequado?

A missão de um pavimento (e da sua fundação) consiste em suportar e transferir as cargas acima descritas, da superfície do solo para baixo, até alcançarem o nível do subsolo. Isso aplica-se tanto para as cargas dinâmicas, causadas pelas máquinas em movimento, como para as estáticas, geradas pelos pilares das estantes. Portanto, o piso adequado é aquele que possui a dureza e a estabilidade necessárias para desempenhar tais tarefas.

Resultados da edificação com um pavimento em bom e mau estado.

É fundamental observar as especificações de nivelamento do solo para garantir o correto funcionamento do armazém.

O acabamento da superfície deve estar corretamente nivelado dentro das margens e tolerâncias envolvidas na utilização de um determinado tipo de instalação, com equipamentos específicos e um sistema específico de armazenagem. Alcançar esses objetivos com qualidade é responsabilidade dos projetistas e dos construtores.

A importância do subsolo

Antes de iniciar a instalação do piso adequado para um armazém, é indispensável analisar o subsolo ou camada firme na qual o pavimento deverá apoiar-se firmemente. O subsolo é muito variável e pode apresentar enormes diferenças entre dois lugares, embora estejam muito próximos e, até mesmo, dentro de um mesmo espaço, o que faz com que possa haver variações substanciais entre os diversos pontos de um mesmo lugar.

Os parâmetros mais destacados que devem ser observados no subsolo são: resistência à compressão, tendência ao deslizamento e à possibilidade de absorver água. Para conhecer os valores desses fatores num determinado local e descobrir como podem variar em profundidades diferentes, é necessário fazer uma análise in situ.

É imprescindível certificar-se de que o subsolo do armazém proporcionará um comportamento totalmente adequado em relação à carga que vai ser colocada no pavimento que repousará sobre ele. Em função dos resultados obtidos com as análises necessárias, escolhe-se o lugar e a zona exata onde a instalação deverá ser erguida.

As características dessa parte tão importante do solo influenciam decisivamente na fundação. Para a sua realização podem ser utilizadas desde simples sapatas de apoio ou sapatas corridas de maior ou menor largura e, nos casos mais extremos, uma sapata de betão armado. Em algumas ocasiões, as características do subsolo obrigam a variar a posição dos pilares das estantes para que possam coincidir com os pontos que oferecem as garantias necessárias.

Composição do pavimento

O pavimento em si é colocado sobre o subsolo. O pavimento costuma ser composto por uma sub-base de material aglomerado e firmemente compactado para suportar a carga. Essa camada é composta por qualquer tipo de material, quer natural, quer de preenchimento. Na sub-base instala-se um solo de betão destinado a suportar a pressão.

Imagens cedidas pela Pavindus, S.A.

 

Os solos de betão têm uma elevada resistência à compressão, no entanto, não têm muita resistência à tensão. Durante o seu processo de cura, o betão sofre contrações, o que não ocorre com os conglomerados da sub-base. Essas contrações causam tensões nos solos, o que pode provocar, consequentemente, ruturas fortuitas e deformações. Para reduzir esses problemas é preciso certificar-se de que a superfície do subsolo na qual se assenta a placa é completamente lisa e suave.

 
Uma vez verificado esse ponto, é introduzida uma espécie de membrana ou película entre a sub-base e o subsolo para reduzir o atrito entre ambos. Durante o processo de cura, essa película permite que o solo se movimente de forma independente e atue também como uma barreira contra a humidade, necessária para limitar a perda de água do betão e obter uma cura melhor.
 
Outra medida para aliviar o problema das potenciais ruturas e a frequente deformação, consiste em instalar uma rede metálica de reforço leve próxima da superfície. Essa é uma prática muito comum que permite a construção do solos mais compridos e com menos juntas de dilatação.
 
Também pode ser incluído um reforço na base das barras de aço, com o qual se consegue aumentar a resistência da camada curada, apesar das inevitáveis contrações e deslizamentos sofridos pelo betão durante o processo. No entanto, incluído ou não esse reforço, é inevitável que possam aparecer gretas nas lajes curadas, mesmo quando os cuidados tenham sido extremos na sua construção. Se essas gretas aparecerem de uma forma casual e não controlada, a impossibilidade de efetuar um preenchimento adequado, considerando a sua irregularidade, sempre provocará um problema de flutuação nas cargas.
 
É frequente induzir as rachaduras para que apareçam em lugares específicos, com o objetivo de poderem ser devidamente observadas e controladas. Isso é feito serrando ao longo do solo uma determinada faixa, com um corte de uma profundidade entre um quarto e um terço da espessura da camada. Dessa forma, a rutura desenvolve-se nessa posição e não em outra, e pode ser facilmente preenchida de uma forma simples e limpa.

Juntas no pavimento

As juntas que podem ser encontradas nos pavimentos das instalações podem ter diversas origens: terem sido provocadas por faixas individuais ao longo do pavimento, ser resultado da própria construção, causadas pelo final de um dia de trabalho e pelo começo do dia seguinte, terem sido criadas para evitar ou rodear colunas ou paredes, ou terem sido provocadas mediante cortes de serra. Seja qual for a sua origem, podem ser uma fonte de problemas, pois podem desgastar-se devido à contínua passagem dos empilhadores.

As juntas devem estar ligadas ou aparafusadas na estrutura da sub-base para evitar a transferência dos movimentos adjacentes, que acontecem debaixo dos solos. Nas juntas de dilatação, os parafusos devem estar convenientemente embutidos e situados de forma totalmente alinhada. Esses parafusos devem ter uma extremidade de deslizamento livre, equipados com uma abraçadeira de plástico inserido numa das lajes.

Por outro lado, as juntas de dilatação devem ter uma largura proporcional à espessura do solo, embora nunca acima de 10 mm. Mesmo sendo possível efetuá-las em qualquer ponto, sempre é preferível evitar os lugares em que pontualmente ocorrem altas cargas, ou seja, longe dos pilares das estantes.

Armazém para uma empresa que se dedica à eletrónica de consumo

Armazém para uma empresa que se dedica à eletrónica de consumo

 

A camada de acabamento

Sobre a sub-base e o solo instala-se uma terceira camada, a de acabamento. É uma camada monolítica e forma a superfície de trabalho propriamente dita. Habitualmente a camada de acabamento é composta por uma mistura de cimento granular de uns 50 mm de espessura. A suavidade, dureza e as qualidades para o trabalho desse material são as mais adequadas para que o pavimento suporte as condições durante o uso dos equipamentos no armazém.

A camada granular é aplicada no solo húmido de betão industrial, formando um bloco com a mesma e originando, portanto, as suas juntas. Nesse ponto surge uma questão sobre a qual é necessário tomar uma decisão: a camada de acabamento deve ser feita juntamente com o solo e, dessa forma, também estar sujeita aos seus problemas e tratamentos, sobretudo no que se refere às juntas? Ou deve ser instalada de forma totalmente independente?

É possível aplicar essa camada de forma independente e separada sobre um solo seco, mas é preciso que a espessura dessa última seja, no mínimo, de aproximadamente 125 mm. Nesse caso, prepara-se uma nova camada de betão com os mesmos problemas de fragilidade e deformação do solo principal, visto que a superfície de acabamento irá comportar-se e contrair-se de forma independente. 

Para evitar isso, é necessário adicionar uma nova película ou membrana de separação, que forme uma camada finíssima onde não existam juntas visíveis. Mediante a adição de material betuminoso ou de uma ampla variedade de co polímeros é possível obter misturas de betão com uma finura extraordinária. Caso sejam utilizadas resinas sintéticas, é possível chegar a alcançar uma camada de apenas 3 mm de espessura, sendo um pavimento de excelente acabamento. Por outro lado, caso se queira obter uma superfície mais confortável, podem ser utilizadas resinas com uma maior resiliência, ou seja, com uma maior capacidade elástica para absorver a deformação e recuperar quando a pressão deixar de ser exercida.

Deve ser considerado, no entanto, que algumas camadas obtidas mediante misturas especiais podem não possuir estabilidade ou qualidades granulares completas, tal como a utilização de resinas inadequadas para corrigir defeitos da camada superior. Essas misturas podem ser instáveis e extremamente caras.

Os pavimentos para armazéns precisam, portanto, de uma elaboração muito cuidadosa e uma manutenção preventiva durante a sua utilização. Dessa forma, será possível evitar e corrigir os defeitos e desgastes causados pelas rodas dos empilhadores quando circulam e passam pelas juntas. Essas camadas de acabamento tão exigentes não são necessárias nos armazéns automáticos, porque neles não há circulação.

Instalação do pavimento

Uma vez explicados os conceitos básicos e os elementos que formam um pavimento, chegou a hora de analisar como a sua construção deve ser feita. Após preparar a fundação e fazer o nivelamento da sub-base, é necessário decidir o tipo de estrutura utilizada e o método para preparar o piso, que sofrerá variações de acordo com o nível de tolerância desejado (alto ou baixo).

O método de preparar o solo baseia-se na utilização de uma viga de compactação, manuseada por dois operários, que se encarregam de fazer com que o betão fique perfeitamente incorporado no estrutura. Enquanto isso, outros operários, equipados com uma máquina niveladora, percorrem a superfície. Trata-se de um método típico de construção, no entanto, embora a máquina niveladora possa facilitar o alisamento da superfície, ela não fornece o nivelamento exigido.

O betão não deve ser muito manipulado para evitar que o material granulado pesado e os aditivos caiam na parte inferior do pavimento ou da camada. Para obter tolerâncias ajustadas na superfície de acabamento, sem ser necessário fazer um trabalho excessivo, é preciso que o betão não encontre grandes desníveis ou buracos na sub-base.

É preciso ter um cuidado extraordinário para que a instalação do pavimento seja feita com um alto grau de nivelamento, pois caso contrário, em cada etapa da construção, ficará mais difícil alcançar as tolerâncias exigidas. Nesse aspeto a estrutura utilizada também influencia. Para um solo de tolerância relativamente baixa, pode ser utilizada uma estrutura de madeira, mas quando for necessário dispor de altas tolerâncias é preciso utilizar, pelo menos, laterais metálicas. 

O motivo disso é que a precisão na linearidade e nivelamento depende da estrutura utilizada. Quanto maior for o grau de fiabilidade, melhores serão os resultados.

O nivelamento do solo é consubstancial à instalação da estante.

O sucesso na obtenção de um pavimento não se limita somente à utilização de uma estrutura adequada, há outro fator básico: a equipa que o manipula e a sua habilidade para manusear os equipamentos mecânicos de compactação e acabamento.

Um sistema comum para a execução de um pavimento convencional consiste em assentar faixas de betão que vão sendo acabadas à medida que o betão é lançado. Tal sistema pode apresentar dois problemas quando se trata de pavimentos de alta tolerância: 

  1. O acesso desorganizado às zonas de preenchimento durante o processo de verificação.
  2. A dificuldade física de fazer faixas largas. Por isso, pode ser necessário utilizar faixas estreitas e alongadas.

Atualmente é possível conseguir faixas entre 9 e 15 m em lugares com pavimentos com um índice muito alto de tolerância. Para isso, é necessário dispor de pessoal altamente especializado e utilizar vigas de compactação especialmente desenhadas para esse trabalho. Em qualquer caso, largas ou estreitas, o método mais utilizado consiste em fazer faixas alternadas que vão sendo lançadas e acabadas. O restante é concluído posteriormente, após um curto período de cura.

Resistência, porosidade, junção e durabilidade dos pavimentos

Além das características de construção, os pavimentos dos armazéns devem ter outros atributos que os tornem especialmente adequados para o uso ao qual se destinam.

  • Devem ser resistentes à abrasão, questão tratada pela normativa UNE 41008, que estabelece uma escala conhecida como MOHS, que vai de 0 a 10.
  • Também devem resistir à compressão, e suportar acima de 500 kg/cm2, nas zonas gerais. Dependendo dos equipamentos utilizados, os pisos podem ser obrigados a aguentar até 800 kg/cm2 nos percursos por onde passa o equipamento. Quanto às exigências da resistência à flexo-tração, costumam situar-se ao redor de 150 a 250 kg/cm2
  • O piso deve ser resistente à ação de elementos como óleo, graxa e hidrocarboneto, porque embora tais materiais não sejam armazenados na instalação, são igualmente utilizados nos empilhadores e inevitavelmente podem provocar manchas no piso. Relativamente à porosidade admissível, esta deve ser muito baixa, com valores inferiores a 3%.
  • O pavimento deve formar um monólito juntamente com a base de suporte para evitar deslizamentos e movimentos para baixo que provoquem desníveis na superfície.
  • Finalmente, o piso deve ser duradouro e resistente ao desgaste, embora seja inevitável que, ao longo do tempo, surjam marcas das rodas provocadas pela passagem constante e reiterada dos equipamentos pelos mesmos percursos, em virtude do seu grande peso. Essas marcas podem atingir uma grande profundidade e provocar desajustes na instalação, com o consequente risco implícito.

A escolha de uma empresa especializada na instalação de pavimentos para o seu uso com empilhadores de corredor estreito, sem dúvida, é a melhor garantia de uma instalação adequada e duradoura. Poupar nesse ponto pode comprometer seriamente toda a instalação. Um projeto de altíssimo custo pode acabar inutilizado, portanto, não se deve poupar num dos aspetos aparentemente menos importantes, pois na prática é determinante.

Para mais informações lembre-se que tem à disposição o serviço de consultoria logística da Mecalux.

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